Secretária da Ceja fala sobre preconceitos e perspectivas em curso sobre adoção na Capital

31 de março de 2016

anaA psicóloga e secretária administrativa da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (CEJA), Ana Cananea, participou do primeiro curso do ano, com as 75 pessoas interessadas em adotar uma criança. A Ceja é um órgão da Corregedoria Geral de Justiça da Paraíba. O evento é promovido pelo Tribunal de Justiça da Paraíba, por meio da Coordenadoria da Infância e da Juventude (Coinju), em parceria com a 1ª Vara da Infância e da Juventude da Comarca de João Pessoa. O curso teve início às 8h, desta quinta-feira (31), vai até às 18h, no auditório do Fórum Cível de João Pessoa.

Ana Cananea proferiu uma palestra sobre os aspectos psicológicos da adoção, a intenção foi abordar a questão dos mitos e preconceitos e as perspectivas esperadas com a adoção. “Queremos mostrar o motivo de adotar e as motivações, para ter uma visão geral do que exatamente esperar ao levar uma criança para casa como filho.”

A capacitação é um dos requisitos para habilitar os pretendentes à adoção e conta com a participação da Defensoria Pública, Ministério Público, equipe multidisciplinar, depoimentos de casais que já passaram pelo processo e parceiros da Justiça, como o GEAD (Grupo de Apoio à Adoção).

O casal Danielly Araújo e Ricardo Pedro, casados há 5 anos e meio, e que há quatro convivem com uma menina desde o seu nascimento, nascida de uma pessoa que possui problemas com drogas e mãe de seis outros filhos, resolveram recorrer à justiça, por meio da adoção, para legalizar a situação em que se encontram. Para eles o curso vai trazer mais esclarecimentos e permitirá a regularização do convívio para que a criança seja efetivamente deles.

Por sua vez, Maria Cristina e Harlan Cardoso, que deram entrada no processo no mês de janeiro deste ano, após a perda, durante a gravidez, do bebê que aguardavam, disseram que optar pela adoção foi algo natural. “A escolha da adoção foi uma ideia amadurecida muito antes do casamento. Sempre falamos em adotar uma criança e isso já era certo. Durante a gravidez demos uma pausa, mas agora resolvemos que era a hora”, disse, Maria Cristina.

Existem hoje na Paraíba 320 habilitados, e 64 crianças e adolescentes aptas para adoção, conforme informou o magistrado coordenador da Infância e Juventude do TJPB, juiz Adhailton Lacet. De acordo com o juiz, o curso tem como objetivo trazer esclarecimentos de aspectos jurídicos legais, procedimentais, sociais, psicológicos sobre todo o processo.

Segundo Adhailton Lacet, o número maior de pretendentes do que o de crianças deve-se à escolha do perfil pretendido por eles. ”Muitos desses casais preferem crianças com até dois anos de idade e de pele clara. No curso tentaremos desmistificar esse bloqueio que existe.”, pontuou.

O psicólogo Thomaz Fernandes esclareceu que há um histórico recente em relação às equipes multidisciplinares que fala da necessidade de uma preparação psicológica dos pretendentes.

“Esse curso servirá para dar uma nova visão acerca da adoção, a imagem da mãe doadora (a mãe que não deseja exercer a maternidade naquele momento), o pensamento de que a adoção deve ser vista como o acolhimento da criança e não apenas para atender as necessidades do casal, e, também, desmistificar algumas ideias preconcebidas sobre a adoção tardia e o perfil pretendido pelos casais”, afirmou o psicólogo.

A promotora da infância e juventude do Ministério Público da Paraíba, Soraya Escorel, esclareceu que o Ministério Público participa ativamente do processo de adoção, sobretudo pela participação no curso, procurando mostrar os entraves que existem no processo e as dificuldades que são enfrentadas.

“Através do diálogo com os interessados procuramos esclarecer dúvidas e desmistificar alguns mitos. Tentamos mostrar que existe sim uma fila, mas que é preciso compreender o lado da justiça de que é necessário seguir não apenas o critério de interesse da criança, mas também o perfil dos candidatos”, finalizou a promotora Soraya Escorel.

Por Laíse Santos (estagiária/TJPB)