A desembargadora e escritora Fátima Bezerra Cavalcanti, presidente do Tribunal de Justiça da Paraíba, será empossada nesta sexta-feria (27) na Academia Paraibana de Letras. Ela vai ocupar a Cadeira 23, cujo patrono é o jornalista Theodomiro Ferreira Neves Júnior, que nasceu na antiga Parayba em 1875. O último a ocupar a Cadeira 23 foi o desembargador Paulo Gadelha. A solenidade de posse está marcada para às 7h30, nos jardins da Academia, e caberá ao jornalista e escritor José Neumanne Pinto fazer o discurso de saudação à nova acadêmica.
Fátima Bezerra Cavalcanti é autora do livro “Guiadas pela justiça, movidas pela fé”. A escritora falou da responsabilidade de ocupar uma Cadeira na APL. “A Cadeira 23 foi ocupada inicialmente pelo poeta Neves Júnior. Quando procuramos pesquisar a vida e obra desse patrono, tivemos uma certa dificuldade por ele ter sido uma pessoa muito modesta, mas que conseguiu marcar época em que viveu. Era um homem de uma sensibilidade extraordinária. Tem um só poema, mas tão forte que ficou conhecido a nível nacional”, revelou.
Quando a Academia Paraibana de Letras foi instalada, em 14 de setembro de 1941, ficou acertado pela estrutura que seriam trinta cadeiras, cada qual com um patrono já falecido e destacado na redação e nas letras. Foi aí que entrou o nome do jornalista e poeta Theodomiro Ferreira Neves Junior e a seguir, todos aqueles que mereceram ocupar a Cadeira de número 23.
O fundador da Cadeira 23 foi o mamanguapense Álvaro Pereira Carvalho. Nasceu em 1885 e quando era menino mudou-se para a Capital. Bacharel em Direito pela Faculdade do Recife, chegou a exercer o cargo de Governador do Estado da Paraíba.
Depois de Àlvaro, tomou assento na Cadeira 23 o magistrado Aurélio Albuquerque, tendo sido presidente do Tribunal de Justiça da Paraíba, entre 1977 e 1978. Foi também promotor público. Outro destacado nome nacional, o ministro da Justiça do Governo João Goulart, Abelardo Araújo Jurema, que escreveu vários livros, também ocupou a Cadeira que gora será ocupada pela escritora Fátima Bezerra.
A primeira mulher a ocupar a cadeira que a desembargadora Fátima Bezerra vai ocupar no dia 27, foi a escritora Mariana Cantalice Soares. Isso aconteceu no ano 2000.O último foi o desembargador Paulo Gadelha.
“Vejo um elo de ligação, assumo a Cadeira 23, que teve como ocupantes dois juristas – Aurélio Albuquerque, que foi presidente do TJ, e Paulo Gadelha, que durante anos foi desembargador federal do Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Sou a terceira pessoa de carreira jurídica que chega a essa cadeira. E me orgulha saber que outra mulher, a poetisa Mariana Soares, já ocupou a Cadeira 23”, comentou.
Segundo a escritora Fátima Bezerra, existe um liame muito forte que une as pessoas que já ocuparam essa cadeira. “São pessoas muito sentimentais. Está lá na biografia de cada um deles. Muito embora Paulo Gadelha tenha sido um grande jurista, mas todo mundo conhece sua oratória, os textos literários que ele publicava na imprensa. Ele tinha o dom da palavra e deixava extravasar o romantismo que envolvia sua alma”, adiantou.
O discurso de posse tem como tema “A geografia das horas”. Nesse trabalho Fátima Bezerra desenha toda a importância de chegar a Academia Paraibana de Letras, a Casa de Coriolono de Medeiros.
“Eu passo dia inteiro refletindo sobre o valor de uma academia. Raramente, quando eu pensava que pudesse ocupar uma cadeira numa academia de letras, que é um templo do saber, formado por um grupo seleto de pessoas, que vivem para tornar sagradas as letras, eu imaginava que nunca teria essa oportunidade. Mas Deus opera quando o homem se esforça. Eu acredito muito na providência divina!”, enfatizou.
Ela lembra que quando era criança pensou em ser freira, hoje será “confreira” da APL. “ E, com todos os confrades, vou fazer na APL um trabalho de unidade, de harmonia. Estou chegando lá para somar, para aprender com eles e colaborar de uma forma modéstia na medida das minhas possibilidades, para divulgar as nossas letras, a arte e a cultura”.
De acordo com a desembargadora Fátima Bezerra, a palavra chave para sua chegada a Academia é gratidão. “A gratidão é a mais bela das virtudes e o mais nobre dos sentimentos. Quando a gente agradece algo a alguém já é uma forma de dar o primeiro passo, de se tornar escravo de alguém, escravo no terreno da espiritualidade. Se você me faz um bem, a minha vida toda eu vou guardar esse bem. Eles me deram a oportunidade de chegar a Academia para integrar essa valorosa equipe formada por homens e mulheres talentosos. Essa oportunidade que estão me dando tem um nome chamado gratidão”, registrou.
A novidade na área jurídica é um projeto do Tribunal de Justiça, um livro novo da Mesa Diretora do TJPB e do presidente do TRE, desembargador Marcos Cavalcanti, que também integra a Academia Paraibana de Letras.
Ela explica: “Vamos começar a lançar fascículos sobre as histórias das comarcas paraibanas. O primeiro é de autoria do desembargador Marcos Cavalcanti, sobre a Comarca de Mamanguape. Caberá ao desembargador Leandro dos Santos, lançar o segundo fascículo, contando a história da Comarca de Campina Grande. O terceiro será escrito por mim, sobre a Comarca da Capital”, resumiu.
Gecon/TJPB – Kubitschek Pinheiro