Mais de 30 casais oficializam matrimônio em casamento coletivo voltado às pessoas privadas de liberdade da Capital
Flashes, flores, marcha nupcial, bolo e um ‘sim’ coletivo entoado por 35 casais. Estes foram alguns dos elementos que compuseram a manhã dos reeducandos da Capital paraibana que participaram da cerimônia de casamento coletivo nesta terça-feira (5). O evento ocorreu no Centro Estadual de Formação de Professores, em João Pessoa, numa celebração que falou sobre família, amor e, sobretudo, humanização.
Bruna Ângelo Andrade Silva e Josimar Ângelo de Lima foram duas das vozes a dizerem sim. O casal já vivia em união estável, mas tinha o sonho de oficializar o matrimônio. “É uma grande conquista para mim, pois muitos ainda pensam que pessoas LGBTs não têm o direito de constituir uma família. Mas, depois de muitas batalhas e preconceitos, eu estou aqui, feliz, realizando este casamento”, disse a recém-casada. O noivo Josimar Ângelo de Lima concordou. “Estamos juntos há três anos e, graças a Deus, chegou o dia de hoje. Estou muito feliz”, afirmou.
O casamento coletivo é fruto de parceria entre a Vara de Execução Penal da Capital (VEP), Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), Direções das unidades prisionais da Capital, Associação dos Notários e Registradores do Estado (Anoreg) e Associação dos Registradores Civis de Pessoas Naturais (Arpen), Conselho da Comunidade, com o apoio e articulação da Corregedoria Geral de Justiça da Paraíba.
Emocionada, a juíza da Vara de Execução Penal de João Pessoa (VEP), Andrea Arcoverde, celebrou o casamento civil dos casais. “Um dia muito feliz para a VEP e para o Sistema Penitenciário, pois é a realização de um grande projeto, realizado em parceria com a Corregedoria, que busca o fortalecimento da família – instituição que tem um papel fundamental no processo de ressocialização das pessoas privadas de liberdade”, destacou a magistrada.
Já o secretário de Administração Penitenciária, João Alves, disse que a realização da cerimônia demonstrou a preocupação do Estado com a ressocialização e com o bem-estar do reeducando. Na ocasião, agradeceu por todas as parcerias para a concretização da ação. “Este é um trabalho coletivo que contou com o apoio do Tribunal de Justiça, da Corregedoria, Anoreg, Arpen e vários órgãos que contribuíram e deram as mãos para que estivéssemos aqui, hoje”.
Por sua vez, o corregedor-geral de Justiça, desembargador Carlos Beltrão, lembrou do período da carreira em que atuou na Execução Penal e salientou a importância da humanização para um bom resultados das ações nesta seara. Na sequência, teceu palavras de conselho aos noivos e noivas: “Sejam luz e amparo na vida um do outro. Estejam unidos”, afirmou.
A cerimônia contou com apresentações musicais do Programa de Inclusão através da Música e das Artes (Prima) e do Coral Vozes para a Liberdade, projeto de ressocialização pelo canto que funciona na Penitenciária Silvio Porto.
Também prestigiaram o evento representantes do Ministério Pública da Paraíba, da Defensoria Pública do Estado, de Secretarias de Estado diversas, entre outros órgãos.
Os reeducandos que casaram cumprem pena, em sua maioria, na Penitenciária Silvio Porto, sendo quatro deles do Presídio do Róger e da Penitenciária Geraldo Beltrão. O próximo casamento coletivo envolverá reeducandos da Penitenciária PB 1, também em João Pessoa, ainda este ano.
Por Gabriela Parente